Disciplina e organização são características
fundamentais para quem pretende estudar em ambientes virtuais, espaço que
cresce cada vez mais no Brasil
A EaD (Educação a Distância) está cada vez mais presente no campo educacional brasileiro, possivelmente como solução da realidade e impacto tecnológico em que estamos inseridos atualmente. Ela surgiu no Brasil, em 1904 através de anúncios de jornais do Rio de Janeiro, para profissionalização de datilógrafos, através de correspondências.
Posteriormente, essa modalidade de ensino, ganharia mais força, com a possibilidade de formação através do rádio e mais tarde, da necessidade de formação e qualificação das pessoas que pretendiam estar empregadas, especialmente no comércio e no setor de serviços.
Pode parecer algo distante, mas certamente você ou um parente próximo usufruiu do ensino a distância (mesmo não tendo cursado uma graduação on-line), quando adquiriu um CD/DVD de um curso de inglês em uma banca próxima a sua casa, ou ainda respondeu questões, com respostas comentadas de um simulador de concurso ou vestibular ... isso também é EaD!
Atualmente, Segundo dados do CENSO EAD/2013 da ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância) há 15.733 cursos oferecidos em ambientes virtuais, com um total de 4.044.315 alunos matriculados em cursos de graduação, pós-graduação, livres corporativos e livres não corporativos (a diferença entre cursos livres corporativos e não corporativos está no público-alvo. Este último é voltado a qualquer público, já o primeiro restringe-se a funcionários e parceiros de determinada empresa).
Benefícios da EaD: O perfil de quem estuda on-line
A autonomia é ponto central quando falamos das características do aluno na EaD. Essa característica se torna fundamental, uma vez que o aluno deve constantemente interagir, pesquisar e buscar informações.
Para se criar essa autonomia, o aluno, centro de todo processo educacional, necessita desenvolver algumas características importantes. Dentre elas, destaca-se a disciplina e organização, o foco no conteúdo trabalhado, a interação com os colegas virtuais, a proatividade, além claro, da leitura e escrita diária.
O aluno dificilmente possui todos esses atributos, porém é preciso empenho constante na busca pelo aperfeiçoamento no aprender, em especial no ensino a distância, cujas características são mais amplamente exigidas.
Estudar sozinho não significa aprender sozinho
Na Educação a Distância, o aprender não é isolado, mas sim solidário, com isso, a necessidade do diálogo e participação entre os alunos é muito importante.
Observa-se algumas vezes, que instituições de ensino apresentam a EaD como ensino fácil e atrativo, onde se estuda quando e onde puder, de forma isolada e superficial. Porém, muitas pessoas espantam-se quando se deparam com o dinamismo desta modalidade de ensino.
Como aluno da Educação a Distância, é preciso muito mais que simplesmente assistir a uma aula e postar atividades: na EaD o aluno precisa ser proativo, buscar novas ideias, debater assuntos relacionados à disciplina, com o auxílio de seu professor/tutor para se interar dos assuntos da disciplina estudada.
Há quem auxilie: O papel do professor/tutor na EaD
O sucesso no desempenho do aluno e o aprimoramento das características dos alunos aqui comentadas dependem também do professor/tutor para estimular o desenvolvimento de uma aprendizagem autônoma.
O professor é o responsável pela elaboração da disciplina, pelo conteúdo programático, calendário de atividades entre outras funções. Enquanto o tutor faz a articulação entre o professor, o conteúdo da disciplina e o aluno, dando um acompanhamento mais próximo e interativo com os alunos.
Os cursos a distância dispõem destes profissionais para auxiliar o conteúdo programático no ambiente virtual. Há, ainda, em alguns cursos, o auxílio de tutor presencial, que atende em horários programados na sede do polo da instituição.
Soma-se a tudo isso, profissionais administrativos e coordenação de curso que colaboram para que a aprendizagem aconteça efetivamente no curso on-line.
Estudo presencial x Estudo a distância
A Educação a Distância ainda é motivo de muitas discussões sobre suas vantagens e desvantagens com relação ao ensino presencial.
Se comparado ao ensino convencional, a Educação a Distância atrai alunos que buscam flexibilidade e gerenciamento do tempo. Alunos que moram afastados dos grandes centros urbanos encontram na EaD a possibilidade da tão sonhada graduação ou curso de especialização.
Os mais críticos do estudo on-line afirmam que a falta de convívio social, o feedback e interação assíncrona (a interação pode se dar independente da presença de ambos, sendo realizada em momentos distintos, como por exemplo nos fóruns temáticos: os alunos e professores acessam o ambiente virtual em horários distintos, mas há uma interação entre eles) são desvantagens para o ensino a distância.
É certo que a socialização no contato direto entre os alunos fica prejudicada na EaD, porém, há fóruns temáticos disponíveis para que alunos e tutores, distantes fisicamente, mas próximos virtualmente, discutam os mais variados assuntos do conteúdo da disciplina. Alguns cursos possuem chats, vídeo conferência ou utilizam programas de mensagens instantâneas e conversas por vídeo, criando ou aumentando o nível de socialização dos integrantes de um ambiente virtual.
Com relação ao feedback e interações do professor/tutor acontecer de forma assíncrona, alguns críticos acreditam que isso resulte na demora da solução de dúvidas dos alunos e consequente identificação de defasagens prévias. Porém, essa comunicação e devolutiva acontece de forma dinâmica através de fóruns temáticos ou fórum tira-dúvidas e via e-mail, este, com curto período para devolutiva ao aluno.
O papel do tutor presencial auxilia também na solução ou diminuição de eventuais dúvidas que os alunos apresentem.
A EaD na atualidade
Fica evidente que na Educação a Distância, a necessidade do aluno em criar um protagonismo educacional (O termo protagonismo educacional pode ser entendido como o aluno que desempenha ou ocupa papel principal na educação, onde ele é o elemento central e participa de todas as fases do processo educativo, não sendo meramente ouvinte ou espectador, mas um indivíduo que tem visão crítica sobre a realidade, para ser um agente transformador e colocar em prática, de forma proativa, o que aprendeu e aprende enquanto aluno), utilizando diversos recursos externos para melhoria e desenvolvimento de sua aprendizagem, em harmonia com os meios tecnológicos existentes, é imprescindível.
Uma revolução no ensino de uma forma geral emerge como necessidade para as carências educacionais existentes e a Educação a Distância é uma das grandes possibilidades de melhoria deste aspecto.
Para você que pretende se utilizar desta modalidade de ensino, a educação a distância requer um elevado grau de maturidade e compromisso por parte do aluno. A ausência destes pré-requisitos poderá comprometer o processo de ensino e aprendizagem.
Certo é que a EaD, com os avanços tecnológicos, está adequada a atual realidade da educação no Brasil e no mundo. No campo da aprendizagem, os que compreendem a metodologia do ensino a distância, ressaltam que o maior legado deixado pela EaD é o desenvolvimento de uma educação autônoma e pesquisadora: o aluno, como centro do processo e sujeito ativo de formação, vendo respeitado o seu ritmo de aprender, e muitas vezes impulsionado a ser protagonista, desenvolve sua autonomia na aprendizagem, pois professores e tutores na EaD são dedicados a transformar problemas em soluções, através de metodologias e estratégias de ensino e aprendizagem que se baseia em uma educação emancipatória (Uma educação emancipatória pode ser entendida como àquela que cria condições de tornar o aluno livre e preparado. A emancipação (de origem latina, significa “tirar as mãos de cima”), nada mais é que o aluno assumir o protagonismo e tomada de decisões a partir de seus princípios e concepções).
Ainda, segundo dados do Censo /2013 da ABED, no Brasil, 61% dos alunos EAD é do sexo feminino, com idade entre 21 e 30 anos (com exceção para os alunos de cursos de pós-graduação e corporativos, cuja idade é de 31 a 40 anos), que estudam e trabalham.
Em alguns países da Europa, onde a EAD têm tradição e qualidade, além de serem constantemente avaliados pelo governo, os profissionais formados dentro dessa modalidade estão entre os mais disputados. Os motivos são simples. Eles se dedicam mais aos estudos, são autônomos, sabem se organizar melhor, resolvem problemas inesperados com mais agilidade e estão em busca de oportunidades para crescer.
*Texto enviado para análise de publicação da Revista Glocal (http://www.revistaglocal.org.br/)
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